Quando o jovem Josh Wheaton (Shane Harper) entra na universidade, ele conhece um arrogante professor de filosofia (Kevin Sorbo) que não acredita em Deus. O aluno reafirma sua fé, e é desafiado pelo professor a comprovar a existência de Deus. Começa uma batalha entre os dois homens, que estão dispostos a tudo para justificar o seu ponto de vista – até se afastar das pessoas mais importantes para eles.

Se você ainda não viu o filme e não deseja saber spoiler dele, pare por aqui.

O nome do filme me chamou muita atenção enquanto ainda estava no cinema, mas acabei não indo ver, porém nesse final de semana ao encontra-lo no Netflix resolvi dar uma chance para saber mais do filme e digamos que o filme me decepcionou bastante.

Não sou cristã e mesmo tendo religião não sou uma fanática religiosa, gosto de conhecer mais todas as religiões pelo simples motivo de tentar conhecer mais a cabeça das pessoas, porém não esperava que nesse filme seria forçado demais a barra para converter as pessoas, os personagens foram mal explorados e algumas coisas ficaram sem nexo.

Começamos conhecendo a historia de Josh Wheaton, um garoto cristão que namora a mesma garota já tem 5 anos, a garota também cristã, os dois se conheceram no show de uma banda cristã, a vida deles seria perfeita se o Professor Randisson de filosofia não entrasse na vida de Josh, em seu primeiro dia de aula, ele faz todos os alunos renunciarem a sua fé escrevendo em um papel “Deus está morto” e assinando o nome, prometendo um inferno na vida do aluno que não fizer isso.

Esse é o primeiro erro do filme, nenhum professor pode mandar nas crenças de alguém, ele não pode obrigar os alunos à abrir mão da religião, poderia pedir para que os alunos deixassem os conceitos religiosos fora da sala para aprender a matéria, mas simplesmente virar e obriga-los à renunciar sua crença com ameaças, isso é algo inaceitável.

Como é de se esperar, Josh não aceita renunciar a sua fé e com após uma discussão decidem o seguinte, Deus está no tribunal, ele é acusado de não existir, Josh como advogado de defesa irá fazer o júri acreditar que ele existe, e Randisson como advogado acusação irá fazer o júri acreditar que ele não existe. O júri serão os alunos da sala.

Isso acaba tomando um grande tempo de Josh que a partir daquele momento tem que estudar sobre declarações de filósofos e cientistas que farão com que ele consiga a vitória, sua namorada então resolve terminar com ele pois acha que ele está jogando o futuro fora ao desafiar o professor assim.

Conhecemos então um dos personagens mal explorado do filme. A garota é cristã é fã de uma banda gospel, está com o cara faz 5 anos e do nada termina com ele, por um motivo até que bobo, por favor né? Das duas uma, ou o roteirista forçou a barra, ou a garota era uma vadia que não amava o cara.

Em um momento Josh descobre que na verdade Randisson tem raiva de Deus pois o mesmo deixou sua mãe morrer e acaba usando isso para vencer o debate, ao perguntar na frente da turma o porque Randisson tem ódio de Deus, o questionando várias vezes até o fazer admitir em frente a toda turma que tem ódio de Deus, é quando Josh lacra sua argumentação com um “Como você pode odiar algo que não existe”.

Seria uma boa forma realmente de encerrar a briga se Josh estivesse discutindo com uma pessoa qualquer, mas não, ele está discutindo com um professor renomado de filosofia, um ateu convicto, um cara que deveria ter argumentos mais fortes do que “eu odeio Deus” para simplesmente fazer seus alunos renunciarem à Deus, a argumentação de Josh foi maravilhosa, até melhor do que esperado para um calouro, porém a argumentação do professor Randisson foi extremamente fraca para alguém com o conhecimento que ele demonstra ter no inicio, fica óbvio que esse filme acaba se tornando mais um filme que pretende fazer lavagem cerebral nas pessoas.

Para completar algumas coisas que eu definitivamente ainda não engoli que é bem no final.

1 – Willie Robertson (de Duck Dynasty) aparece no filme como ele mesmo, quem acompanha a série consegue observar que sua família é bem cristã, no final do filme a banda gospel que Josh gosta vai cantar na cidade dele, durante o show da banda eles colocam Willie no telão para dar um recado para todos, em um determinado momento Willie fala sobre o caso que estava acontecendo e sobre a defesa de Josh. Okay, então todos sabem o que acontece na faculdade? A fofoca corre solta por lá, principalmente porque se o Willie aparece em um telão ao invés de falar ao vivo com a galera, isso mostra que Willie não mora nessa cidade, então como ele soube do que estava acontecendo na faculdade? E se ele soube, porque nenhuma autoridade soube e mandou investigar o professor pelo seu ato abusivo de obrigar seus alunos à renunciarem sua fé?

2 – Após a namorada romper com ele, o professor Randisson acaba indo atrás dela em uma noite chuvosa, onde ele é atropelado por um carro, após algumas palavras de um padre que estava próximo do local (juro que essa coincidência é a única que tem uma certa explicação no filme) ele então deixa o pensamento de anos de lado e acaba aceitando Deus, um ateu convicto (não esse povinho criado à leite com pêra que fala que é ateu para aparecer) como ele aparenta ser, não iria simplesmente passar à acreditar em Deus de uma hora para a outra só por uma conversa com um padre, eu mesma teria mandado o padre tomar no cu, porra, eu estou morrendo, estou com medo, não quero morrer, reze por mim depois, não me venha dar sermão.

3 – Randisson é atropelado, ele voa, cai com as costas no chão, os dois reverendos que estão no carro saem e um deles olha rapidamente para Randisson, que não está sangrando e nenhuma marca de machucado aparente, porém o reverendo, que não tem conhecimento em medicina consegue diagnosticar Randisson está com as costelas quebradas, hemorragia interna e sangue nos pulmões, portanto não tem muito tempo de vida. Observação do momento em que os reverendos saem do carro, correm até Randisson e o diagnóstico acontece só se passaram 16 segundos. Em 16 segundos o único diagnóstico que uma pessoa sem conhecimento médico consegue dar é se o cara está morto ao ver a cabeça da pessoa à alguns metros do corpo, fora isso não tem como, eu duvido muito que até mesmo um médico consegue dar um diagnóstico tão rápido assim (lembre-se que o cara ainda estava dentro do carro, com o cinto de segurança e porta fechada quando os 16 segundos começaram à ser contados).

Portanto, minha analise final do filme é que o mesmo é extremamente apelativo, não deveria servir nem mesmo para agradar cristãos devido ao roteiro que muitas vezes perde a lógica, acho que o roteirista perdeu tempo demais para criar argumentos para comprovar a existência de Deus, que simplesmente cagou para as coisas mais básicas de um filme, como a evolução dos personagens.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

One response

  1. Muito bom esse post, gostei de como você conseguiu analisar o filme pela obra que é e não pela religião representada nele. Mas creio que algumas coisas podem ter passado despercebidas:
    1) A aparição de Willie no telão ajuda a enfatizar o que é falado nos créditos, mostra a real dimensão do problema que é o centro do filme. Muito frequentemente alunos tem que lidar com professores que não só tem uma opinião diferente como também querem impor suas opiniões pessoais no aluno, e muitos chegam a casos extremos como retratado no filme. O alvo do filme, fica muito claro ao ler o material de apoio do mesmo, é incentivar jovens cristãos a não se intimidarem, e a defenderem aquilo em que acreditam.
    2) Na ultima apresentação de Josh, quando ele confronta o professor podemos observar que o professor não duvida da existência de Deus, e que sim está revoltado com Deus. Quando o professor demonstra crer em Deus momentos antes de sua morte, ele representa muitas pessoas que andam pelas ruas dizendo não crer em Deus, mas quando o calo aperta, e não tem em que se apoiar, clamam a Deus. Realmente, não creio que seria o caso de um professor de filosofia, mas sem essa mudança de mente do professor o filme não atingiria seu objetivo final.
    3) A cena do acidente foi engraçada, precisavam de um duble melhorzinho ali pra dizer o mínimo, consigo pensar em umas 10 maneiras de melhor representar a idéia de que ele tinha pouco tempo de vida e ainda assim podia conversar o suficiente para ser salvo…
    4) A namorada do Josh. A atitude dela é completamente coerente, dado o contexto cultural em que vivem. Nos EUA se você quer ser advogado, você precisa ralar tanto quanto quem quer ser médico, e se você não tiver foco não conseguir antes dos 40. Eles fazem 4 anos de ensino médio (antes era 5), mais 4 ou 5 de um Bacharel qualquer, pra só então entrarem na faculdade de direito, isso se forem os melhores da turma. Lá não existe faculdade pública, eles pagam uns 7mil doláres por ano só de matricula, fora alimentação e hospedagem. Ahh! E pra entrar na faculdade de direito, precisa de recomendação dos professores.Ou seja, quando o Josh aceitou o desafio ele arriscou seu futuro acadêmico, qual professor quer apoiar um aluno que desafiou um colega e o humilhou em frente da turma? Certo, se ela o amasse, ela encararia esse risco junto com ele, mas (como diz no material de apoio) essa personagem representa aqueles cristãos que apenas se achegam a Deus como uma lista de pedidos, e não amam/conhecem Deus por quem realmente é.
    De fato, o filme não é um dos melhores, mas a mensagem é impactante e fica muito clara, principalmente no idioma original ,e as musicas usadas complementa muito bem essa mensagem.
    Eu não quis aqui ofender ninguém, ou menosprezar sua opinião, mas espero ter esclarecido alguns pontos.

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