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O Homem-Aranha é facilmente um dos heróis mais icônicos das HQ’s, um daqueles que atingiu o status de símbolo da cultura pop em geral. Suas diversas aparições em diferentes versões nos cinemas (principalmente desde a excelente trilogia de Sam Raimi, iniciada em 2002) certamente ajudaram a alavancar o sucesso com o grande público. Enquanto isso, nas HQ’s, também tivemos diferentes Aranhas, e a animação “Homem-Aranha no Aranhaverso” (Spider-Man: Into The Spider-Verse) é uma ótima forma de introduzir as versões menos conhecidas do herói ao grande público – e tudo isso dublado por um elenco impecável, ao menos em sua versão de áudio original.

A história é protagonizada por Miles Morales (Shameik Moore), um jovem que, assim como o Peter Parker (Chris Pine), que provavelmente todos por aqui já conhecem, foi picado por uma aranha geneticamente modificada, adquirindo estranhos poderes. Em seu universo, o Homem Aranha é um herói já amplamente conhecido, e eventos trágicos levarão o adolescente a assumir a pesada função de Amigo da Vizinhança, ainda sem experiência alguma. E é claro que com grandes poderes, vem grandes responsabilidades.

E é nisto que o longa brilha: Miles é um adolescente comum, que tem em seu pai, um policial, e em seu tio, Aaron Davis (Mahershala Ali) figuras paternais conflituosamente opostas. O jovem vê no tio aquela única figura que entende sua angústia e rebeldia, e é claro que esta é uma fase perigosíssima para se assumir a grande responsabilidade de se tornar um super-herói. A insegurança de Miles é manifestada em suas desastrosas ações, nos mostrando um Homem Aranha longe de ser perfeito.

No entanto, ele não estará sozinho: o próprio (um outro) Peter B. Parker (Jake Jonhson), de um segundo universo paralelo e Gwen Stacy (Hailee Steinfield), como a Mulher Aranha/Aranha-Gwen (sim, de um terceiro universo diferente) serão as figuras já experientes que tentarão ajudar Miles a evitar o colapso total de diferentes realidades, tão almejado pelo Rei do Crime (Liev Schreiber), que pode se dizer como o vilão da vez – ao lado de outras figuras conhecidas pelo público, talvez em versões diferentes das que você viu anteriormente, devido ao universo de onde vieram.

 

O Peter Parker que ajuda Morales é mais velho e amargurado, extremamente relutante em se tornar mentor do jovem, enquanto Gwen, embora seja uma excelente adição à história, não ganha tanta personalidade, sendo apenas a típica “garota forte que ajuda o protagonista”. Ainda assim, em todos os heróis, há aquelas características típicas de um defensor do legado aracnídeo: uma perda trágica que tornou-se a principal motivação em seus heroísmos e um irresistível carisma. O trio de Aranhas tem química e falhas, rendendo momentos divertidíssimos e a dose de conflitos interiores corretas.

O trio de Aranhas: Peter B. Parker, Gwen Stacy e Miles Morales tem uma química maravilhosa, que diverte e comove. (divulgação)

 

O problema é quando, posteriormente no filme, mais três aranhas entram em cena: o Aranha-Noir (Nicolas Cage), um aranha em preto-e-branco, vindo direto de um sombrio universo típico dos filmes noir, na década de 30; o Porco Aranha (John Mulaney), que poderia facilmente ser um bizarro integrante dos Looney Tunes; e o robô SP//dr , com sua parceira Peni Parker (Kimiko Glenn), que trás uma vibe mais anime. Embora suas presenças reforcem uma ideia um tanto parodial do conceito de multiverso, e por mais que suas falas sejam simpáticas e engraçadinhas, é impossível não sentir que suas presenças são forçadas. É que num universo paralelo em que “Homem Aranha no Aranhaverso” fica somente com o trio Morales – B. Parker – Stacy, temos o melhor longa-metragem já feito do aracnídeo. Com a presença destes outros aranhas, bizarros demais, a gente infelizmente não chega lá. Mas suas presenças inusitadas certamente vão agradar muita gente, e em tudo mais a história funciona, faz rir e comove maravilhosamente bem.

Feito para os fãs, para o grande público e, acima de tudo, para prestigiar o legado aracnídeo, “Homem Aranha no Aranhaverso” é surpreendente. Não tem como esperar da animação que ela seja tão boa quanto (ou até melhor) que muitos dos longas que já vimos do Amigo da Vizinhança nas duas últimas décadas. Se é para sermos críticos e acharmos defeitos, realmente são poucos: os aranhas bizarros que entram depois na história e talvez a falta de motivações no tio do protagonista, mas para por aí. Tudo mais vale a pena ver. E segurem o hype até as estreia nos cinemas brasileiros, que ficou só lá para 10 de janeiro de 2019. Mas valerá muito a espera e é uma ótima pedida para aquela sessãozinha de cinema nas férias. A gente promete.

Nota: 9/10 – Quase perfeito.

 

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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