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Com o Estado Islâmico em ascensão, o que precisamos saber? Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS) — um nome que inspira medo; um grupo que está ganhando ímpeto. Horrores inéditos estão assolando o Oriente Médio, e o Estado Islâmico pode ser responsável pelos piores desses eventos. E ainda há muito que não sabemos sobre esse grupo.

Inicio os trabalhos admitindo que essa é uma obra que eu não leria se não tivesse sido cedida pela BVBooks. Apesar de terem feito uma apresentação bem legal no Encontro da Aliança de Blogueiros RJ, não é um nicho de livros que me chama a atenção. É sempre bom escapar um pouco da zona de conforto, e, em parte (bem pequena), foi uma experiência boa, mas esse é, com certeza, um livro com problemas de identidade.

De forma linear, algo muito bem vindo para os dias de hoje que, para quem pegou o bonde andando, só recebe notícias com pouca profundidade em relação aos primórdios do movimento, esse livro vai contar o quanto alguém que nunca pensou em se aprofundar mais sobre o EIIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria [eu não sabia nem mesmo que existia essa sigla]) é desinformado. Mostra como os conflitos religiosos que permeiam o Oriente Médio são infinitamente antigos, mas que a ideologia dos ataques só realmente começou a se formar por volta da Primeira Guerra Mundial. Principalmente por influência de atitudes tomadas pelos EUA e pela Rússia.

Um ponto realmente interessante tocado pelos autores é o quão maléfica pode ser a falta de informação. Claro que sempre focado no EIIS, mas também tomando como exemplo o próprio EUA ao longo de toda sua história e, sem querer, pois o livro foi publicado em 2015, até mesmo o atual conflito político brasileiro. E eu cito: “Um público desinformado pode pressionar os seus líderes a fazerem escolhas estratégicas ineficazes”. Soa familiar?

Porém — infelizmente, como eu já esperava — embrenhada em sua boa coleção de informações importantíssimas sobre o grupo terrorista, e até mesmo sobre formações de países, está também presente uma dose amarga de prepotência religiosa. No decorrer das páginas, o que se iniciou muito bem, torna-se um guia de como lidar com os ataques de forma cristã. Como se em algum momento um livro de “história” se transmutasse em um guia de como utilizar de sua fé para enfrentar o apocalipse do Oriente Médio. Dado momento é dito até mesmo que o Estado Islâmico, causador de inúmeras mortes e torturas brutais em nome de algo grandioso que só faz sentido na cabeça deles, não é o verdadeiro inimigo, e sim Satanás. (???????)

Mesmo não sendo praticante de nenhuma religião, acredito em Deus e não descrimino nenhuma vertente. Tudo que engrandece ou acalenta é, sim, muito válido. Mas levando em conta que a premissa central do livro era mostrar o quão antigo é o ódio por trás de ataques de dimensões exorbitantes como bombardeios e mortes de milhares de pessoas, incitar determinado meio de lidar com isso é realmente desnecessário, e, sinceramente, estragou completamente o livro.

Uma boa frase para terminar essa resenha seria: se você se interessa por conhecer a história por trás de nomes como Osama bin Laden e outros grandes nomes do terrorismo, esse é o seu livro. Porém esse não é o seu livro.  Não nego que seja de um conteúdo muito útil, inclusive me ensinou muitas coisas sobre o assunto, mas exemplifica o quanto, em determinados momentos, temos que engolir muito sapo para chegarmos aonde realmente interessa.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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