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O novo sucesso da HBO, criado por Jonathan Nolan e Lisa Joy, bateu todas as expectativas com uma primeira temporada absurdamente bem escrita, porem confusa, e essa confusão apenas se agravou por toda a segunda temporada. Até que ponto um roteiro confuso pode atrapalhar o publico?

‘Westworld’ é a mais nova queridinha da ‘HBO’, sendo que todos já chamam a série de futura sucessora de ‘Game of Thrones’, mas diferente da série da mãe dos dragões, os cowboys robôs da terra onde tudo é possível (se você for rico), não tem o mesmo apelo do grande publico, sua difícil estrutura de narrativa acaba levando a um problema grande de compreensão de pessoas que estão acostumadas com séries de super-heróis, onde o episódio da semana geralmente não leva grandes dores de cabeça para ser absorvido. Isso é um erro? Não, na verdade a estrutura espetacular de como os roteiristas decidem levar a estoria ao publico é louvável, não existe nível como o de ‘Westworld’ hoje dentro da TV. Porem, durante os 10 episódios pode ser que você se perca em vários momentos, e isso se torna uma barreira compreensível para o publico geral.

Mesmo gostando mais de como a estoria foi contada na primeira temporada, eu tenho que admitir que a qualidade continua igual. Não sei até onde os roteiristas vão conseguir chegar com tanto trabalho, e tenho medo que essa necessidade de tapar o buraco de ‘Game of Thrones’ se torne o fim da série, com tramas e subtramas desessenciarias. Não consigo ver ‘Westworld’ como uma série longa, ela precisa ter um começo, um meio e um fim muito bem planejados, ou será mais uma ‘Lost’ na vida de tantos fãs decepcionados.

Fora o roteiro, também temos que admitir que hoje o elenco de ‘Westworld’ é o melhor da televisão, e sem duvida o mais estrelado. Nessa temporada, Evan Rachel Wood retorna ainda melhor, com uma atuação potente e estimulante, Anthony Hopkins que foi um retorno inesperado, aparece para aumentar ainda mais a qualidade da série, seu tom de voz, sua atuação, sempre dão a Bernard os melhores momentos para se seguir com a série, isso sem falar no próprio Jeffrey Wright que entrega um ótimo personagem desde a primeira temporada. Todo o elenco é muito bem organizado, e até os menos famosos tem bons momentos em tela, e não perdem em nada para os gigantes que estão em volta.

A direção da série contribui muito para o andar do roteiro difícil de ser digerido, que esse ano foi realmente um quebra-cabeça. Mas mesmo dessa forma, em alguns momentos ficando confuso com uma ou outra revelação, eu acredito que se a série for assistida com atenção, você consegue tirar o melhor dela. A forma como a temporada foi apresentada é de extrema surpresa, pois mesmo dando para perceber que existe uma mudança temporal para cada narrativa presente ali, você não sente isso de uma forma nítida, até pelo menos o episódio sete ou oito. Um trabalho monstruoso, sem duvida, mas também não sei se é totalmente necessário. Não posso negar a qualidade, mas a série poderia ter a mesma qualidade e os mesmos plot twists sem precisar embaralhar tudo como em um cubo mágico, ficar preso a essa forma de narrativa pode causar um grande problema na estrutura da série, que ao invés de contar uma boa estoria, fica preso apenas a necessidade da surpresa. ‘Mr Robot’ é o grande exemplo disso, teve uma primeira temporada muito elogiada e surpreendente, mas ficou tão preso a essa necessidade que entregou uma segunda fraca, e precisou atrasar mais de um ano para se reorganizar. Algo que pelo visto será adotado pelos roteiristas logo de cara, já que a série não parece ter a necessidade de uma temporada por ano, sabia decisão da HBO em permitir isso.

Até o momento, ‘Westworld’ parece ter aprendido com tantas outras séries que começaram bem e foram tendo uma morte lenta na TV, com uma segunda temporada espetacular em coesão, qualidade e organização. Os androids conseguiram mais um ano da gigante HBO, e espero que consiga todos os anos que quiser, desde que mantenha a qualidade necessária, e saiba a hora de abandonar o navio, como os próprios roteiristas de ‘Game of Thrones’ fizeram sabiamente, e claro, a HBO está de parabéns por dar liberdade aos seus criadores dessa forma, mais emissoras e estúdios deveriam aprender que quantidade não é tudo, e sim a qualidade.

Nota: 10/10


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Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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