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Com as adaptações das HQ’s de super-heróis para os cinemas em alta, parece que hoje em dia vivemos na era do hype. Mais do que nunca, vemos fortes campanhas de divulgação, trailers e inúmeras análises, comparando o material original às adaptações para outras mídias, e neste espetáculo todo de antecipação, as expectativas ficam mais altas do que nunca. Num mundo ainda esfarelado pelo ótimo “Vingadores: Guerra Infinita” (sim, somos engraçadinhos, e não, não vamos dar spoilers, para quem ainda não assistiu) e da inconsistência do universo cinematográfico da DC, “Deadpool 2”, sequência do longa de 2016, é um colírio para os olhos, uma massagem para a alma, e nos lembra porque devemos levar essas “cinerixas” menos a sério.
A grande inspiração do longa dirigido por David Leitch (John Wick, Atômica) é claramente o aclamado “Logan”, rendendo, principalmente no começo do filme, um tom mais dramático – sem deixar a sátira de lado. Logo, vamos entendendo as motivações de Wade Wilson, o Deadpool (Ryan Reynolds), para sair numa jornada de redenção (sim, definitivamente inspirado em “Logan”), que culminará, inclusive na formação da X-Force – formada por mutantes, fora dos X-Men. Um elemento importante nesta dita redenção será Russel (Julian Dennison), um mutante pré-adolescente de um difícil temperamento, vindo de uma vida traumática. Será que realmente precisamos explicar a eficiência de Deadpool como uma figura paterna? Explicações a parte, certamente este relacionamento rende alguns dos pontos altos do filme.
Os integrantes da X-Force também adicionam bastante ao filme, em interações hilárias com Wade, e terminam até apagando um tanto os personagens do longa anterior, que parecem às vezes, mesmo com piadas engraçadinhas, estarem ali só para preencherem espaço. A exceção, no entanto é o X-Men Colossus (Stefan Kapicic) que, por assim dizer, tenta levar nosso anti-herói para “o bom caminho”. Não seria exagero dizer que ele, neste filme, tem um papel bem mais importante.

Outro novo personagem que amamos é Domino (Zazie Beetz), que com seu intrigante poder, traz alguns dos melhores momentos das excelentes cenas de lutas. Sua apresentação e desenvolvimento, no entanto, deixam um pouco a desejar, mas com tantos personagens novos, esperamos que, se virmos um terceiro filme do Deadpool, ela finalmente tenha sua história melhor explorada.
Também não podemos deixar de destacar Cable (Josh Brolin), um mutante que vem do futuro, e poderá se tornar um inimigo mortal, até mesmo para Deadpool. Ao contrário de Domino, ele ganha um desenvolvimento muito maior, e sabemos quais são suas motivações e porque ele está ali. E também chutaríamos que quaisquer semelhanças do personagem com o Vingador do Futuro não serão mera coincidência.
No mais, elementos do primeiro filme como as inúmeras referências aos filmes de heróis concorrentes são constantes, além de um roteiro que (literalmente) se caçoa com frequência pelas falas de Deadpool, naqueles momentos incríveis em que Ryan Reynolds quebra a tal quarta parede.
Com sequências de ação maiores e melhores e efeitos especiais satisfatórios, o filme não se contenta em apenas repetir tudo que deu certo no anterior: ele muitas (dissemos muitas) surpresas com a aparição improvável de muitos personagens queridos pelo público. Certo que em alguns casos, você precisará estar bem atento para não perder de vista algumas destas surpresinhas, mas o ritmo constante, tedioso apenas lá para o começo do longa, torna difícil fazer com que o espectador chegue a tirar os olhos da tela. E nem dá para dizer que o começo lento chega a ser necessariamente um defeito, afinal, ele teve propósito.
Uma vez que o filme passa de seu comecinho meio arrastado, ele cresce sem parar: mais piadas, mais ação, mais surpresas. Mas outra surpresa que marca em “Deadpool 2”, no entanto, são os momentos de drama. Reynolds muda muito naturalmente a “chave” de comédia para drama, de forma que não parece caricata no que é, de fato, uma grande sátira da cultura pop e dos filmes de super-heróis.
Boa ação, excelente comédia, uma dose sóbria de fan-service e quebrando a tensão e seriedade que vêm sido imposta aos filmes do gênero, “Deadpool 2” é surpreendente e imperdível.
Nota: 9.5/10

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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  1. Genial! Para mim foi a melhor do gênero. Adorei a participação de Josh Brolin, é um ator multifacetado, seu papel de Cable é muito divertido e interessante. O vi também em Homens de Coragem, é muito bom. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. Gostei muito de Homens de Coragem, não conhecia a história e realmente gostei. A história é impactante, sempre falei que a realidade supera a ficção, acho que é um dos melhores filmes de drama. Super recomendo. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia, o elenco fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações.

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