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Se você curte canções como O bêbado e o Equilibrista, Atrás da Porta e Como nossos pais, ou seja, o trabalho de Elis Regina, então esse filme é para você… para abraçar…ou se decepcionar.

Elis, é um filme biográfico sobre a saudosa Elis Regina, adaptado e dirigido por Hugo Prata que durante longa buscou uma exposição da vida da cantora desde seu anonimato ao seu meteórico estrelato.

Sendo assim, o filme retrata a vida da cantora desde o momento em que ela deixou Porto Alegre, aos 18 anos para tentar carreira no Rio de Janeiro, até o momento de sua morte em 1982 devido a uma overdose causada pelo uso de cocaína.

O longo espaço de tempo em que o filme se propôs a tratar, prejudicou um pouco o seu próprio desenvolvimento, já que Elis além de ter uma personalidade para lá de complexa, era igualmente complexa em suas relações, com a família, drogas,  fama, filhos e com a música, que o filme nos faz acreditar que ela amava mais do que qualquer outra coisa no mundo.

Então por ter muito o que tratar em mais ou menos duas horas de filme, a sensação é que as emoções foram sobrepujadas pela sequência de acontecimentos. O filme te transporta o tempo todo de um problema para o outro, sem permanecer  por muito tempo em um determinado ponto, o  que não te permite tempo para absorver, reagir ou se acomodar com o que se desenvolve em tela. Conclusão. A sensação é meio parecida com quando a gente ler um livro sem na verdade ler as linhas de cada um de seus parágrafos. O filme sobre Elis na verdade é um mosaico bem raso sobre a vida dela, que abraça tudo mas não se agarra a nada.

Mas não se assuste!

O filme é muito gostoso. Porque Elis é muito carismática e eu não sei onde eles arrumaram a atriz que a interpreta, Andreia Horta, mas a semelhança era por vezes assustadora. Andreia incorporou Elis Regina em tudo, nos gestos enérgico enquanto cantava, na dublagem perfeita durante as músicas e na alegria contagiante ao cantá-las. Tudo bem que às vezes eu ficava meio assustada mesmo com as caretas e risadas dela – meio forçadas, pelo menos eram como soavam –  mas no final do filme, tem uns créditos onde aparece Elis gravando num estúdio. E choquem, eu acreditei que era mesmo a Elis Regina, que era tipo, uma cena real agregada ao final do filme. Mas não. Era a Andreia Horta. E eu só consegui diferenciar as duas coisas por que graças a deus o Caco Ciocler, que no filme interpreta César Camargo Mariano – seu segundo marido – estava em cena também.

Eu também amei a parte de figurino e maquiagem, além de todo aquele clima revolucionário e sinistro da década de 60-70, momento em que vivíamos um regime militar. A questão política foi tratada de maneira sutil no filme, ainda que ele revele que a própria Elis Regina foi vítima da censura e da ameaça que pairavam sobre todos no Brasil daqueles tempos.

Sutil também foi todo o movimento em torno da formação do que hoje conhecemos como MPB, com seus festivais, inovações musicais e os seus mais variados conflitos, conforme os surgidos com o aparecimento da Jovem Guarda, frequentemente acusada por quem defendia uma música originalmente nacional, por trazer elementos exportados, como a guitarra elétrica, para o Brasil. Vimos que a própria Elis Regina era uma das críticas, embora posteriormente ela própria agregue este elemento em seu trabalho para inovar.

Como eu disse, é filme gostoso, apenas retrata uma vida meio mecanizada de Elis, não arrisca muito. Se ela está feliz, toca um canção explosiva e feliz, se ela está triste, lá vem uma baladinha deprê. O filme peca na falta de foco, mas conquista por ser algo agradável de ver.

Confira o trailer:

 


Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

2 Responses

  1. Eu acho muito importante, que cada vez mais venha a ser produzido filmes nacionais com vários tipos de historias sendo de biografias, filmes de época e muitos outros temas retratando tudo que aconteceu em nosso país, e o cinema brasileiro vem a cada vez mais ganhando o seu espaço perante a outros filmes estrangeiros.

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